quarta-feira, 29 de outubro de 2008

ENTREVISTA COM LUIS ANTONIO DE JESUS (POPÓ)

Luis Antônio de Jesus, o Popó, recebeu o Bodybuilding Brazil na Academia Mutant Gym, em Juiz de Fora. O que era para ser uma pequena entrevista transformou-se, graças à generosidade do atleta, em uma verdadeira aula sobre fisiculturismo, num bate-papo de mais de duas horas de duração! Confira abaixo as idéias, dicas, conselhos e divertidas lembranças do nosso Mr. Universo!
BBBrazil: Popó, você está gordo. Me explica isso.
POPÓ: Gordo, não. Eu estou fora de forma, porque estou em off. O off-season é um processo pelo qual a gente passa para adquirir um pouco mais de massa muscular, para, depois, ir refinando o físico, na época da competição.
BBBrazil: Pra que ficar maior, e depois diminuir?
POPÓ: Não tem jeito de se crescer pequeno. Você tem que aumentar a quantidade de alimentos, para que consiga aumentar o tamanho da musculatura. Não é possível você ganhar músculos sem ganhar um pouco de gordura. Esses caras que dizem que crescem seco, se você for ver, todos eles são pequenos. O próprio Ronnie Coleman, o pai do volume muscular, já disse: "Não tem como ficar grande sem ganhar gordura".
BBBrazil: Mas aí, Popó, a gente encontra uns caras que mal começaram a malhar. Eles estão lá, com oitenta quilos, e, de uma hora pra outra, cismam que vão chegar a 150, e danam a comer tudo o que aparece pela frente. Isso funciona assim? Eu vou comendo qualquer coisa? Isso já vai de uma vez, eu vou do 80 pro 150kg, pra depois voltar, ou é gradual?POPÓ: Não. O primeiro critério da musculação é o volume muscular. Mas é um volume ocupado com músculos! Senão, você pegaria uma pessoa com 400 kg e ela ganharia a competição. Se você começa a comer esse monte de porcarias, o que você vai ganhar são problemas cardíacos e coronarianos, você vai ficar obeso. Quando voltar a um trabalho de definição, você volta ao mesmo tamanho que estava antes. No off, você aumenta o volume muscular, mas não fica obeso. Se você vê uma pessoa com uma cintura muito larga, o melhor é redefinir a dieta, porque a quantidade exagerada de gordura não tem nada a ver com o off. Se o atleta ganha muita gordura, ele vai sofrer, porque vai demorar vários meses para secar, e vai perder muita massa muscular.
BBBrazil: O off-season protege o corpo de alguma coisa?
POPÓ: Sim. A gordura é um protetor, é um isolante térmico do corpo. Por isso é que você consegue crescer: os seus músculos estão protegidos por uma certa ingestão a mais de alimento; a pele, estando mais grossa, protege você de adoecer mais facilmente durante o crescimento. É muito mais fácil você ver um atleta pegar uma virose ou um resfriado na época de definição do que no off. Além disso, ao ingerir mais alimentos, o líquido sinovial aumenta mais, protegendo mais as articulações; a quantidade maior de nutrientes na corrente sanguínea provocará a hipertrofia.
BBBrazil: Mas tudo muito bem regrado!
POPÓ: Exatamente. O off-season nada mais é que a dieta do pré-contest numa quantidade muito maior, com direito a uma ou outra besteira que você come por fora, no final de semana. Se o atleta for criar o corpo dele à base de sorvete e pizza, ele só vai poder concorrer em concurso de Rei Momo (risos). O Mike Quinn dizia: "Quando um escultor vai esculpir uma estátua na pedra, ele pega uma pedra grande e vai retirando o excesso, até que se forme a estátua no final". No bodybuilding, é a mesma coisa: o atleta tem um volume muscular grande e vai retirando essas lascas (a gordura). No final, o que sobra? O corpo definido. Eu tenho uma comparação que sempre uso como exemplo: "Nós temos um desenvolvimento igual ao de uma borboleta. Primeiro, nós somos as lagartas, redondas; depois, no estágio de crisálida, você começa a preparação; quando a casca se abre, surge o bodybuilder definido, vascularizado".
BBBrazil: Como você realiza a sua periodização para uma competição? Você se baseia na dieta ou no treino?
POPÓ: Eu faço o seguinte: primeiro, priorizo as minhas partes mais fracas. Quando estou nessa fase, eu trabalho mais os grupos musculares que estou com necessidade, visando a proporção dos músculos. A época do off-season, além de ganho de músculos, é a época de correção também. Não tem como corrigir os defeitos em época de pré-contest. Eu quero aumentar o dorsal? É no off-season. Você diminui o rompimento de fibras nos músculos que já estão maiores e prioriza os lugares onde estão os defeitos. Se vão mais nutrientes para um local só, é muito mais fácil aquele músculo se desenvolver. Você dirige o excesso de alimentos (proteínas, carbohidratos, vitaminas e minerais) procurando sanar as partes onde você está com defeito. No próximo ano, você estará com um físico melhor, e pode dar atenção a outros defeitos, até chegar onde o Schwarzenegger falou: "Agora, é só você chegar, fazer a pose perfeita, e está tudo certo".
BBBrazil: O treinamento fica mais em função da alimentação?
POPÓ: Sempre. Você precisa da alimentação para poder crescer. Não tem como uma coisa se desenvolver sem a outra.
BBBrazil: E a importância da suplementação no período do off-season? Que suplementos você aconselha?
POPÓ: Com a suplementação, você consegue fazer um off mais limpo. O off sujo seria aquele das pizzas e sorvetes. A suplementação (whey protein, aminoácidos, maltodextrina, creatina, glutamina) refina a alimentação. Em vez de você só se alimentar, você substitui por um suplemento rico em nutrientes, com carga de açúcar e gorduras baixas, e isso reflete na hora de você secar: não será preciso perder tanta massa muscular. A suplementação foi desenvolvida única e exclusivamente para essa função atlética, e surgiu bem depois. Existem bodybuilders enormes que não usaram a suplementação no passado, como o John Grimek, o Sergio Oliva, o Steve Reeves. Hoje, ela veio facilitar a vida do bodybuilder. Por exemplo, se você tiver uma ingestão de proteínas muito grande, e tiver que comer uma grande quantidade de frango, muitas vezes, é meio difícil para a digestão, você tem problema nas gengivas etc. Minimizando isso, com a suplementação à base de Whey Protein, você terá uma digestibilidade muito melhor, diminuindo a dilatação do abdômen, sem contar que, muitas vezes, você é obrigado a comer quando não tem fome. A suplementação ajuda isso.
BBBrazil: Tem gente que pensa que suplemento é comida.
POPÓ: O nome é suplemento, não é alimento! A função é a mesma, mas, se o cara fica só à base de suplemento, ele não agüenta viver. A caloria do suplemento é sempre baixa. A suplementação não substitui, apenas complementa.
BBBrazil: A questão da quantidade de proteínas que você calcula para o atleta: é por peso?
POPÓ: Geralmente, é pelo peso magro do atleta. Mas isso varia: tem atleta que tem a condição de construir muito músculo sem usar muita proteína. Vem da necessidade fisiológica de cada bodybuilder. Isso é individual, e só é adquirido com o tempo e a experiência.
BBBrazil: Como funciona o time-release que há em alguns suplementos?POPÓ: É uma proteína de liberação gradual, ideal para quando o atleta vai dormir. Mas é muito caro. Eu já andei lendo que, se você pegar whey, albumina e leite, você conseguirá um resultado semelhante. A liberação completa da proteína só acontece sete, oito horas depois de consumida. Tem gente que lê as coisas por alto e não se aprofunda no assunto. O time-release foi criado para bodybuilders que precisam levantar de noite para fazer sua alimentação, quebrando o sono. Essas proteínas novas têm uma liberação mais lenta.
BBBrazil: Suplementos de NO2, o que você pensa disso?
POPÓ: Eu só uso o NO2 em época de competição, para conseguir uma dilatação maior nos músculos, no aumento no desempenho, na oxigenação e diminuição da fadiga. Mas pensem comigo: tem uns garotos que querem ter uma vasodilatação proeminente, mas com uma taxa de gordura muito alta. O cara tem que aprender o seguinte: existe a pele, a gordura e só depois vem o vaso sanguíneo. Se a pele não estiver fina, ele não vai ver a vascularização. Mesmo não vendo, o aumento capilar dos vasos ocorre. E não é apenas um fato estético: com a vasodilatação, é muito mais fácil para o sangue carrear e levar nutrientes também.
BBBrazil: Aí vem a competição, e você começa a secar. O que cortar, o que não cortar, e mais essa história de passar fome. É louco, né, Popó? É um tal de come, seca, corta aqui, corta ali... Como acontece isso?
POPÓ: Açúcar dá muito pique de insulina e aumenta bastante a gordura da pessoa. Se a pessoa tem esse hábito, o açúcar é a primeira coisa a ser cortada. Mas eu repito: isso depende da pessoa! Há bodybuilders profissionais, como o Coleman, que estão fazendo exatamente o contrário: a dieta do Coleman é 50% proteína, 30% de carbohidrato e 20% de gordura.Tem muita atleta que zera totalmente a gordura, e o que você costuma encontrar na época da competição é um atleta fraco. Às vezes, o atleta zera o carbo também, o que é errado: como o músculo é água, quem vai deixar o músculo maior é o carbohidrato. Quando ele começa a baixar o carbo, sobra a proteína, que não é boa fonte de energia. É quando você vê um atleta fraco, aéreo, desatento. Você, muitas vezes, vê um bodybuilder que fez um off bonito, sem embaçar, e, no dia do campeonato, está um graveto. Por que? Ele cortou praticamente todo o carbohidrato – uma prática que nem é mais usada – tirou o sal muito antes da época, diminuiu a ingestão de água, fez um sacrifício todo errado, colocou em risco a sua saúde, e chegou ruim no campeonato. O atleta começa a diminuir muito a comida. Só que ele esquece que, quanto mais você diminui a comida, mais o seu metabolismo de queima diminui, porque o corpo começa a poupar alimento. Então, você vê muito bodybuilder fazer dietas sacrificantes, e o peso dele não cai. Ele malha, ele faz aeróbico, ele faz o diabo, e não baixa. Por que? Ele diminuiu demais a quantidade de alimento. E, quando ele aumenta a quantidade de alimento, ele vê que o peso dele cai. Quer dizer: se você for só aumentando, aumentando e aumentando a comida, você para de crescer. Igualmente, se você for só diminuindo, diminuindo e diminuindo a comida, você para de secar. O Chad Nicholls, nutricionista do Coleman, fala em low carb e em high carb: ele vai seguindo o atleta, vai dosando. O bodybuilder precisa achar qual é o carbohidrato bom pra ele! O atleta, o treinador e o nutricionista precisam estar atentos às respostas do atleta em relação à dieta. Nosso esporte é um esporte visual. O percentual de gordura não vale em nada para nós. Por que? A sua pele pode estar fina, mas quem faz a definição muscular é a profundidade entre os músculos. É quando você vê os novos atletas, que ainda estão começando, entrarem numa competição, e reclamarem dos resultados. A profundidade dos músculos é resultado de anos e anos de treino. Às vezes, um atleta com um pouco de gordura a mais, com a pele mais grossa, tem uma definição bem maior que aquele que está com a pele mais fina, mas mal começou a treinar. Eu falo isso por experiência própria: eu chegava a perder 7cm de braço, 10cm de coxa... Eu fazia essas dietas de passar fome... Isso é idiotice. O cara vai passar fome de determinado nutriente, mas ele tem de ter o bom senso de tentar preservar a massa magra dele. O que o atleta mais busca é o aumento da massa magra; aí, ele faz uma dieta e perde toda aquela massa magra; uma semana depois, ele come demais, e dá uma inflada... Quantas vezes eu já vi bodybuilders melhores na segunda-feira, após o campeonato, que no dia da competição. Eles sacrificam demais o corpo, e o corpo se protege, preservando a nossa saúde. O que o atleta precisa aprender é ir fazendo a coisa passo a passo: se ele está com muita gordura, começa bem antes a dieta. O cara, de uma dieta de chocolate, sorvete, uma dieta de 4000 calorias, muda, de um dia pro outro, para uma dieta de 800 calorias! O seu corpo não vai aceitar isso, e não aceita! É tudo a questão de uma adaptação gradual.
BBBrazil: "Um off bonito que embaçou bem", você disse. O que isso significa? Explique melhor.
POPÓ: Um embaçado bonito é quando você vê toda a musculatura, mas não vê todos os detalhes do músculo. Mas, por trás, você identifica todos os músculos, apesar de não vê-los claramente. Como o Prof. Waldemar já disse: "um bom off é aquele em que o abdômen não some completamente". Se o cara tiver um metabolismo de queima mais lento – os que têm estruturas ósseas grossas demais – ele precisa prestar mais atenção nas respostas corporais às dietas. Se o cara não sabe, é aconselhável a ele procurar um nutricionista envolvido nesse esporte (tem o Alan Bara, o Rodolfo Peres, entre outros) mas um nutricionista especializado em bodybuilding! A nutrição do bodybuilder é totalmente diferente. Não existe nutrição para você ficar com 3%, ou até menos de gordura. Aí, você vê um cara com 140 kg. e 3% de gordura. Comparada às dietas nutricionais usuais, o bodybuilding é um absurdo, um mundo à parte.
BBBrazil: Em época de competição, o que muda na suplementação?POPÓ: Não muda muita coisa não. Eu uso whey, aminoácidos, glutamina e creatina, suplementos com o mínimo de carbo possível. Na véspera mesmo, é bom ter uma creatina, um aminoácido, um NO2 ou um NO3.
BBBrazil: A glutamina nessa fase de pré-competição é importante para a regeneração, visto que o atleta está mais fraco, pouco alimentado?
POPÓ: Na minha opinião, a glutamina é o melhor suplemento que já inventaram. Quando eu treinava forte demais, no outro dia meu cotovelo doía muito, mas muito mesmo. A partir do momento que eu comecei a suplementar com a glutamina, isso parou. E eu pude observar que estava mais descansado – a glutamina aumenta o sistema imunológico – e a recuperação se acelerava. Particularmente, a glutamina é um suplemento que eu não tiro da minha dieta, principalmente na fase de pré-competição, que é quando você tem que treinar a todo vapor e com injeção de alimento muito mais baixa, prevenindo contra gripe. Se você pega um resfriado nessa época, o seu trabalho pode ir todo por água abaixo.
"Muita gente tem medo de passar o conhecimento, achando que vai ser derrotado por isso. Eu aprendi uma coisa num desenho do X-Man: tinha um robô chamado Molde-Mestre. Ele construía os outros robôs. No desenho, ele nocauteou todos os adversários numa batalha. Então, o cara que tinha montado ele falou assim: 'Por que você não matou os inimigos?' O Molde-Mestre respondeu: 'Eu não destruí, porque não tenho medo deles'. Muitas vezes, o cara não passa o conhecimento porque tem medo de ser vencido. Agora, quem confia em si próprio, não tem o que temer. Foi assim que eu aprendi. Se eu cheguei onde cheguei, é porque ninguém me negou informações".
BBBrazil: Popó, durante essa fase pré-competitiva, como a gente deve dosar a alimentação e o treino intenso, para não haver a perda da massa magra?
POPÓ: Primeiro, você tem que ter um calendário das competições; depois, observar a sua composição corporal. Aí você começa, gradativamente, a retirar os alimentos. Geralmente, muitos bodybuilders utilizam o mesmo treinamento, e vão acrescentando uns exercícios extras, com mais repetições, variam os exercícios, utilizam a super-série, série combinada etc. Eles visam aumentar o volume e a vascularização dos músculos, conseguindo buscar fibras adormecidas no treinamento de repetições altas que ele utiliza. Mas, para não perder a massa muscular, o atleta retira, gradativamente, os nutrientes extras, diminuindo, aos poucos, o carbohidrato, para não dar um choque muito grande. No treinamento, ele mantém os exercícios básicos, com a carga mais elevada possível. Muitas pessoas param de treinar pesado e começam a treinar leve, falando que esses exercícios darão definição. Mentira: existem exercícios específicos para a época de definição; é diferente. A definição depende da alimentação do atleta. Na época de competição, não é hora de inventar muita moda, porque ele pode lesionar. A força diminui? Sim, isso é normal, por causa da diminuição dos alimentos; não adianta forçar, porque você pode se lesionar e estragar todo o trabalho.
BBBrazil: Até quando deve ser mantido esse treinamento antes da competição?
POPÓ: Quando a pessoa faz o tal do low-carb - que é o carbo zero - ela retira todo o carbohidrato. Muitos bodybuilders vão treinando enquanto esse carbo está zero; eles vão com a proteína alta e o carbohidrato baixo. Por exemplo, se a competição é sábado, o atleta vai com a proteína alta até na quarta-feira. Quando ele vai entrar no carbohidrato, ele tem que parar o treinamento. Se continua treinando, esse carbohidrato vai ser utilizado como fonte de energia, e não vai promover aquele inchaço desejado. Parando de treinar, o carbohidrato vai entrando dentro da célula, dando aquela inflada. O treinamento vai até no meio da semana, parando quando ele adiciona o carbohidrato. Ele aproveita esse tempo para treinar as poses, que vão dar o tônus necessário ao músculo. Descansando nesse momento, o músculo restabelece o equilíbrio, aumentando a água dentro das células. O que eu observo muito é o cara que vai treinando, vai treinando, e, quando chega no dia da competição, não consegue fazer nem um apoio, porque está fraco demais. Ele chega com aquela aparência apática; treme no palco na hora de forçar as poses, e as coreografias também ficam comprometidas. Às vezes, o atleta está tão cansado, que nem lembra a coreografia direito. É necessário descansar antes da competição. Se você observar os grandes atletas, você vai ver o bodybuilder deitado, com as pernas pra cima, esperando a hora da competição; ele faz a alimentação dele, às vezes come alguma coisa extra (castanha, amendoim com sal etc) e entra no palco tranqüilo. Pensem comigo: o sal e o potássio são os carregadores de água. O cara está comendo proteína com sal, certo? Quando ele vai pro carbohidrato, ele tira completamente o sal. O que acontece? Sem o sódio e o potássio, quem vai carregar a água? Não adianta nada! Você vê o cara treinando e não adianta nada! Acontece muito de, na hora da prévia, o atleta estar murcho e, quando chega a hora do show, ele está enorme. Mas aí ele já perdeu na prévia... Você tem que saber como é que o corpo funciona!BBBrazil: Isso a gente não aprende no primeiro ano de campeonatos. POPÓ: Isso é só com o tempo.
BBBrazil: O que dizer aos atletas que, no segundo campeonato, já começam a xingar os juízes, culpam os treinadores...
POPÓ: A primeira coisa que ele deveria fazer é um curso de arbitragem, para entender os critérios de julgamento. A partir disso, ele tem que chegar diante dele sem mentir para si mesmo, e se perguntar: "Eu tenho esse volume muscular mesmo? Eu tenho essa proporção? A minha parte inferior do peito é proporcional à minha parte superior? O meu tórax é proporcional à minha cintura? A minha coxa é proporcional à minha panturrilha? Os meus braços correspondem com as panturrilhas? A minha parte da frente é proporcional à minha parte de trás?" O Mike Quinn, por exemplo, tinha uma genética bem peculiar: em cima, ele crescia com repetição baixa; em baixo, ele só crescia com repetição alta.
BBBrazil: Isso não se aprende no primeiro ano de competição.
POPÓ: Nunca! Isso é vivência. Bodybuilding é vivência. O verdadeiro bodybuilder vive em função do seu esporte. Ele não é bodybuilder só no dia da competição. Quando ele vai a uma festa, ele tem que ter a postura de um bodybuilder. No dia-a-dia, ele tem que viver isso.
BBBrazil: Por que o cara desiste?
POPÓ: Porque foi mal influenciado. Ele costuma dizer: "ah, o juiz me garfou, porque quem ganhou era da academia, ou do estado dele". Quantas vezes eu já ganhei em São Paulo, no Rio... Eu já ganhei na Inglaterra de um inglês! O cara precisa admitir: "eu não estou bom o suficiente, tenho que melhorar". Só assim, o atleta vai progredir no esporte.Um treinador jamais pode ser puxa-saco do aluno dele. Qualquer filme de Shao-Lin mostra isso. O treinador sabe que o atleta não está bom, e fica endeusando o aluno, falando pra todo mundo que o atleta dele vai ganhar, que o cara é isso, aquilo, e coisa e tal. Chega lá, o aluno toma um caldo, fica lá pro quinto lugar, e os dois saem falando que é marmelada. O treinador nem olha os outros competidores para comparar, já chega falando alto, e o aluno entra convencido de que é o melhor. O resultado é uma soma de notas; um juiz não sabe a nota do outro; as notas maiores e menores são cortadas; os árbitros são obrigados a fazer reciclagem sempre. O Lee Haney mesmo, quando já era o Mr. Olympia, prestava atenção a todas as observações dos juízes. Ele tem que ter a humildade de ouvir e aprender, de perguntar aos juízes onde é que ele deve melhorar, pedindo dicas, procurando pessoas que têm conhecimento. Afinal, o atleta não está ali apenas para vencer: ele está ali para ser avaliado e aconselhado. A melhor genética do mundo, o Ronnie Coleman, já ficou em 25° lugar! Se ele tivesse desistido, ele estaria onde está hoje? Eu sempre digo aos meus atletas: "Quem são os melhores bodybuilders? São os atletas que estão nos Estados Unidos. Você deve tentar treinar visando os melhores. Não treine se comparando ao cara melhor da rua ou ao melhor da academia". É como o Dr. Lair Ribeiro fala: "Mire na lua, porque, mesmo se você errar, você vai estar entre as estrelas".
BBBrazil: Falando em dieta, até quando é viável a semana de proteína? Você emenda mais de uma semana? Não desgasta muito o atleta?
POPÓ: A semana de proteína é muito desgastante, porque ela não fornece energia. Quando você tira o carbohidrato, o corpo acaba comendo muita proteína muscular da pessoa. Como o músculo é mais fácil de ser convertido em energia do que a gordura, ele pode perder muita massa magra. Eu já vi bodybuilder ficar um mês... Eu mesmo já fiz três meses comendo só proteína. Perdi muita massa magra: de 120kg., passei pra 90kg., e não fiquei tão definido assim. Hoje em dia, os grandes nutricionistas deixam, pelo menos, umas 50g. de carbohidrato por dia para o atleta. Não é muita coisa, mas é algo onde o corpo tem para se agarrar. Muitos bodybuilders ainda fazem o carbo zero. Só que esse método não é, de longe, o melhor método.
BBBrazil: Quanto à porcentagem de nutrientes: a dieta metabólica de gordura é utilizada até à fase de pré-competição?
POPÓ: Eu já utilizei essa dieta em 1996, na primeira vez em que fui ao Mineiro. Eu enxuguei bastante, a redução de peso foi muito pouca, e o nível de força não diminuiu. Usei a dieta até à semana de competição. Na 4ª e 5ª feira, tirei o sal. Cheguei com uma definição muito boa. A vantagem dessa dieta para mim foi que, quando voltei a comer carbohidrato, consegui ter um aumento imenso da minha massa muscular. Quando ganhei pela segunda vez o Mineiro, em 1998, eu utilizei a dieta até chegar a uma composição boa. Quando cheguei perto de 6%, 5%, fui para a dieta tradicional. A dieta funciona sim, resta o cara agüentar ficar sem carbohidrato. Toda dieta que eu falar com você que funciona, eu já experimentei.
BBBrazil: Na fase de pré-competição, você utiliza atividade aeróbica? Até quando e como ela é utilizada?
POPÓ: O exercício aeróbico é mais de preferência do atleta. Eu não gosto, apesar de já ter usado. Vez por outra, eu utilizo, gradativamente, de 10 a 45 minutos. Isso não compromete a massa magra. Mas tem gente que confunde, e começa a colocar carga. O melhor é utilizar uma intensidade baixa, de longa duração, porque usa mais a gordura como fonte de substrato energético, aumentando o gasto calórico da pessoa. Muitos atletas utilizam esse aeróbico para poderem comer mais quantidade de caloria.
BBBrazil: Após a competição-alvo, como deve ser a alimentação e a regeneração do seu treinamento?
POPÓ: Por exemplo, existe o Campeonato Mineiro e o Brasileiro. A competição-alvo é o Brasileiro, mas o Mineiro classifica. O que acontece: você nunca deve chegar 100% na primeira competição, porque, se chega assim, todo rasgado, você corre o risco de não conseguir segurar até o outro Campeonato, porque vai estar com uma ingestão de alimentos muito baixa e o percentual de gordura baixo também. Pode acontecer de você ganhar o Mineiro e perder no Brasileiro pelo cara que ficou em segundo ou em terceiro na sua competição. Isso já aconteceu comigo e o Maradona. Eu ganhei o Mineiro e perdi o Brasileiro para ele. Fiquei em 5º; ele, em 2º. Você tem que ir dosando isso. O que acontece após a competição-alvo? O que o cara faz? Ele já solta, completamente, a dieta dele, e vai super-compensar o corpo com açúcar, gordura, restabelecendo as células novamente. O cara vai, praticamente, voltar ao peso com que ele iniciou a preparação, sem alterar muito o percentual dele. No Universo, eu estava com 90kg.; nove dias depois, eu estava com 108kgs. Foi uma média de 2kg. por dia! O meu percentual passou de 4.4% para 5% apenas. Só que, após duas semanas, houve o pique de insulina. Nessa hora, o bodybuilder precisa reduzir os carbohidratos de alto índice glicêmico, conseguindo ficar com um tamanho bom, mantendo a boa composição para o próximo ano. Algo muito avaliado nas competições é o progresso do atleta! Tem atleta que, entra ano e sai ano, não muda. É igual aquela pessoa que em todo casamento repete a mesma roupa. Você precisa programar seu desenvolvimento. BBBrazil: Afinal, o bodybuilding é um esporte ou uma ciência?POPÓ: O bodybuilding é tanto um esporte como uma ciência. Está tudo envolvido: você precisa aprender como funciona o seu organismo, como o nutriente vai agir dentro do corpo dele, o mecanismo da água, o mecanismo da gordura...
BBBrazil: E você tem que ir experimentando...
POPÓ: Só! Só! Exatamente! Você vai ter que experimentar; você vai cair... A ciência desse esporte é o atleta descobrir, com o tempo, o método eficaz para o seu desenvolvimento individual. Você tem que ir para uma competição mais preparado para perder do que para ganhar. Você tem muito mais chance de perder do que de ganhar. Se você não gosta de perder, você não é um competidor, você não serve para isso, você não está preparado para ser um bodybuilder.
BBBrazil: E o que tem de mais perder uma vez ou outra?
POPÓ: Não é? É isso que vai fazer você se perguntar: "Por que é que eu perdi? Eu perdi porque estava achando que estava bem demais, e tinha um cara treinando escondido lá, que ninguém nem sabia quem era..." Tem aquela turma lá se achando e, de repente, aparece um cara... No Olympia aconteceu isso: o Gustavo Badell prometendo, o Dexter Jackson prometendo, veio o Victor Martinez lá de trás (que era um cara de 90 e poucos quilos) pegou um treinador bom, o Victor Muñoz, está dando um trabalho danado e, hoje, é o atleta que o próprio Ronnie Coleman afirma ser um dos únicos caras que têm condição de substituí-lo. Você ganhar do Ronnie Coleman é uma coisa; mas, o volume e a musculatura que ele tem, ninguém consegue alcançar. Você pode vencer naquela competição. Mas nós, que somos bodybuilders, não queremos ganhar do cara numa competição não: nós queremos ficar melhor do que ele, maior do que ele. É isso que é o nosso negócio! Um corredor não quer só ser o primeiro: ele quer é bater o recorde do campeão!
BB: Popó, quando você começou a treinar?
POPÓ: Eu comecei em 1984. Dia 20 de setembro fez 23 anos que eu treino.
BB: Você já era grande ou era frango?
POPÓ: Eu era frango. Quando comecei a treinar, eu pesava 60 kg.BB: Como você foi parar dentro de uma academia?POPÓ: Pra você ver como a coisa muda: na verdade, a coisa que eu mais detestava era a musculação. Um amigo meu, o Valmir, vivia insistindo para eu treinar. Eu pensava: "eu vou pagar para levantar peso; na obra, eu ganho para levantar peso". Mas o que aconteceu? Como eu comecei a dançar o break, eu via nos filmes, os caras tinham umas anilhas. Eles precisavam fazer exercícios, porque, no break, você tem que ter uma força para suportar o peso do seu corpo nos braços. Você tem que ter um certo desenvolvimento muscular. Eu tinha uns pesos de cimento, fazia em casa mesmo. Levava peso de cimento pra cá, pra lá... Um dia, a Valéria chegou com um carnê de academia e disse: "A partir de hoje, você vai malhar numa academia". Quem me colocou na academia de musculação foi a Valéria!
BB: Vocês já se conheciam?
POPÓ: Nós já estávamos casados. Eu me casei com a Valéria em 1983.
BB: O que passou na cabeça dela para fazer isso?
POPÓ: Ela via o meu sacrifício: eu tinha que ficar puxando, empurrando móveis... Se quebrava o cimento, tinha que fazer o concreto, encher as latas de novo... Eu punha uns tamboretes, um em cima do outro, ficava fazendo paralela... Tinha que colocar um banco com uma tábua para fazer o supino... Eu tinha um lado do corpo muito mais desenvolvido que o outro, porque eu trabalhava em obras, carregava sempre tudo do mesmo lado... Quando entrei na academia, eu mesmo percebi isso, e comecei a malhar em máquinas; na obra, tive que aprender a trabalhar tudo com o outro lado, para equilibrar. Aí, fui acertando os lados.
BB: E que história de break é essa?
POPÓ: Eu dançava antes o que era chamado o black. Tinha aqueles cabelos black power...
BB: Você tinha?
POPÓ: Tinha! Aqueles sapatos cavalo-de-aço, aquelas calças boca-de-sino...
BB: Eu quero fotos dessa época!
POPÓ: Não tem fotos, infelizmente. (risos) Eu aprendi a dançar, ganhei vários campeonatos de black. Um dia, no Fantástico, passou o clip de uma música com um cara dançando no chão, e outro cara dançando no alto. O que dança no alto é o bug; o break é o que dança no chão. Eu achei bacana, tinha umas mímicas... Comecei a fazer isso, aos poucos, nos bailes. O Valmir, meu amigo, voltou de Brasília, e, lá, o break já era uma febre. Começamos a fazer aquilo nos bailes, eu fui me especializando no chão, o Valmir no alto. Uns amigos nossos, de Santos, juntaram-se à gente (eles tinham uma dupla chamada Break Metal) e formamos o "Break Machine". Os filmes começaram a aparecer mais no cinema... Teve uma vez que eu fiquei dentro do cinema das 2 horas da tarde até à última sessão. Voltei no outro dia! (risos)
BB: E a partir daí...
POPÓ: Com esse desenvolvimento, foi que eu senti a necessidade de desenvolver mais a musculatura. Um pouco depois, fui para São Paulo, e tive que voltar a malhar em casa, com uns pesos. Eu antes treinava muito, chegava a ficar 3 horas na academia. Quando fui para São Paulo, eu me alimentava bastante, e não conseguia ter tempo para treinar. Voltei de lá com 75kg. Quando eu voltei a malhar aqui, voltei pra 70kg de novo. Eu pensei: "Engraçado, eu estava treinando menos, comendo mais, e o meu peso subiu; aqui, comecei a treinar demais, o meu peso caiu. Então, não é treinar muito. Eu tenho que treinar menos e comer mais para conseguir ganhar mais músculos. Sozinho, comecei a ter a noção das coisas. Em 1988, eu competi no Campeonato Mr. Hércules; fiquei em 4º lugar. E, dali, comecei a treinar menos.BB: E pegou gosto! (risos)POPÓ: Aí acabou. Eu não sabia posar direito. Mas ninguém queria me ensinar. O Mário, um amigo meu (que foi campeão do Mr. Hércules) me disse: "Popó, você está me pedindo pra te ensinar a posar... Você sabe dançar bem! O que eu tento fazer no palco e que você está achando legal é o que você já faz! Aprenda umas poses e põe os passos de dança no meio!" Com o tempo, fui diminuindo as danças e aumentando as poses. No primeiro campeonato que eu ganhei, em Rio das Flores, eles até pediram para eu refazer a apresentação.
BB: Mas você cresceu e continua dando cambalhotas no palco.
POPÓ: Na verdade, o nome disso é "pé-de-vento": você gira em torno do próprio pé. No break, o cara que está embaixo pega os movimentos da capoeira e das artes marciais; o do alto, utiliza movimentos de desenho animados, máquinas, robôs...
BB: Haja flexibilidade...
POPÓ: Eu já cheguei a fazer esse salto com 124kg, numa competição no Rio!BB: Mas tem que ter um preparo, não?
POPÓ: Eu chego e faço de qualquer maneira. Já está no sangue! (risos) Engraçado: isso começou no primeiro Campeonato Mineiro que eu ganhei. Eu ganhei a competição, e, na hora de comemorar, me deu aquela vontade, e eu saltei. Isso virou a minha marca! Se numa competição, hoje em dia, eu for posar e não der esse salto, o pessoal reclama.
BB: Quem te inspirou no início?
POPÓ: O atleta que me inspirou foi o Lee Haney. Quando eu treinava demais, eu comprei uma revista chamada "Mr. Vigor". Abri, e estava lá o Lee Haney, mostrando o treinamento do avançado, do intermediário e do iniciante. E eu notei que eu treinava mais que o avançado. A quantidade de exercícios era muito grande. Isso me fez pensar (junto com aquela história de São Paulo) e comecei a reduzir o meu treino. Eu comecei a fazer visualizações com as fotos dele. Ele tinha um tronco imbatível; e tinha um bodybuilder que tinha umas pernas fantásticas, e o corpo não era tão bom: o Tom Platz. Quando eu ia malhar tronco, eu ficava olhando as fotos do Lee Haney; quando era a parte inferior, eu usava o Tom Platz. O pessoal falava que eu era doido, e, hoje, todo mundo sabe que os bodybuilders usam a visualização. Eu já usava esses métodos sem saber! Então, o Lee Haney me inspirou, e me inspira até hoje: o tipo de treinamento que eu gosto é o tipo do treinamento dele. Eu pegava as minhas fotos nas mesmas posições das dele, punha a foto dele, cobria com um papel vegetal, e fazia o desenho do contorno corporal dele; depois, colocava o desenho dele por cima da minha, e via o tanto que eu tinha que melhorar. Eu aprendi muita coisa visualizando o Lee Haney.
BB: Algum treinador que você citaria?
POPÓ: Eu tive a chance de treinar com o José Carlos Castelano. Eu, até hoje, considero ele um dos melhores treinadores do mundo. Se eu consegui o Universo, foi graças a ele. Ele sempre falava: "AQUI tem que melhorar; esquece isso aqui; tem que treinar é AQUI!" E é por isso que eu sou elogiado, tanto aqui no Brasil, quanto lá fora, pela minha linha! Os caras dizem: "Você tem uma linha muito incrível. Você não deixou nenhum ponto para trás." Eu respondo: "Eu não fiquei empolgado com determinadas partes. Já aconteceu de eu ficar 4 anos sem treinar trapézio, mais de um ano sem treinar peito, ou fazendo só um ano de treino de pernas leve..."
BB: E o José Carlos que te ensinou isso?
POPÓ: Exatamente. Eu chego lá, tiro a camisa, e ele diz: "O tríceps, aqui; as costas, aqui; a perna, aqui". Até hoje, quando sinto necessidade de ter alguém para olhar o meu físico, eu vou até o Castelano. Eu aprendi a ser crítico com os meus alunos também. Muita gente pára de treinar comigo, porque eu não sou de elogiar o cara. Eu digo: "Você tem que melhorar muito aqui ainda!" Eu cobro muito dos meus alunos, porque cobro muito mais de mim mesmo!
(Nossos agradecimentos ao Paulo Rezende, que nos ajudou nesta entrevista).

domingo, 19 de outubro de 2008

GH - atuação (teorias) - hormônio do crescimento

Sem duvidas este peptídeo é um dos assuntos preferidos da mídia, que esporádica e invariavelmente exalta fórmulas mágicas supostamente capazes (suposição deles, claro) de resolver os problemas da humanidade, afinal de contas a busca pela perfeição sempre foi e sempre será uma constante entre os seres humanos, por mais discutíveis e voláteis que sejam os conceitos de perfeição. A bola da vez é o hormônio do crescimento humano (a partir de agora GH), sendo a ele atribuídos: >> Redução do percentual de gordura, com redução da celulite,
>> Aumento da massa muscular,
>> Fortalecimento dos ossos e articulações,
>> Pele mais saudável,
>> Melhora da performance sexual e atlética,
>> Maior capacidade de cura de lesões, >> Diminuição da pressão arterial,
>> Aumento do HDL,
>> Combate à osteoporose,
>> Enfim uma vida mais feliz e produtiva! Mas afinal de contas, o que é o GH? O GH é um hormônio liberado pela parte anterior da glândula hipófise estimulada por inúmeras situações (e põe inúmeras nisso, a concentração séricas deste peptídeo pode variar até 1000% em poucos minutos), alguns fatores que estimulam a liberação de GH são:
>> Sono,
>> Hipoglicemia,
>> Exercício (maior em treinos intermitentes e intensos),
>> Refeições ricas em proteínas,
>> Estresse (dor, calor, ansiedade),
>> Outros agentes (serotonina, estrógenos, adrenalina, dopamina, glucagon, beta-bloqueadores, L-arginina...).

A baixa concentração de GH na infância pode levar ao nanismo. Com o avanço da idade há notável redução deste hormônio, a qual pretende-se relacionar com dibilidades no tecido muscular, ósseo, articular e até mesmo nos órgãos (entre os 30 e 75 anos fígado, rins, cérebro e pâncreas atrofiam em média 30%). Já sua alta concentração pode levar a acromegalia e distúrbios cardíacos e metabólicos. A deficiência de GH é verificada em adultos se os resultados dos testes (indução de hipoglicemia com insulina ou infusão de arginina) forem menores que 5 ng/ml para adultos e 10 ng/ml em crianças. Em casos de deficiência, o tratamento em adultos geralmente é feito com doses variando de acordo com a resposta metabólica, mas que dificilmente excedem 1 mg por dia, podendo ser bem maiores em crianças e adolescentes.
O uso do hormônio do crescimento começou em 1958, retirado diretamente de cérebros humanos, o que causou vários problemas de contaminação e desordens neurológicas fatais em alguns pacientes, levando a descontinuidade desta forma de tratamento. Somente em 1985 o problema foi resolvido, quando o hormônio do crescimento sintético se tornou disponível nos EUA, a evolução científica permitiu obter o GH através de uma recombinação do DNA humano, procurando produzir a seqüência ideal de aminoácidos, sendo mais seguro e obtido com relativa facilidade.
No corpo, existe uma reação em cadeia envolvendo o hormônio do crescimento. Esta cascata se inicia no hipotálamo, quando o fator liberador é solto (GHRH - hormônio liberador de hormônio do crescimento), ele estimula a produção de hormônio do crescimento pela hipófise e sua secreção para a corrente sangüínea, levando a produção e liberação do fator de crescimento tipo insulina (IGF-1) no fígado, o IGF-1 promove a desenvolvimento de ossos e tecidos. Ao perceber o aumento na concentração deste hormônio há a sinalização para que a hipófise cesse a liberação de GH. Se o mecanismo de retroalimentação negativa não funcionar e a produção de GH (e conseqüentemente de IGF-1) se mantiver alta pode ocorrer crescimento patológico de ossos e órgãos, assim como levar a desequilíbrios no metabolismo de glicídios e lipídios. Os efeitos colaterais mais comuns do uso de GH são edemas, retenção hídrica, dores articulares e ósseas. Existem algumas hipóteses para explicar a atuação do hormônio do crescimento

>> Hipótese da somatomedina.

O GH liberado pela hipófise chegaria ao fígado e tecidos periféricos, causando a liberação e produção dos IGFs. Neste caso o hormônio do crescimento parece ser um fator endócrino muito eficiente visto que em termos de quantidades séricas de IGF-1, aplicar GH mostrou-se cerca de 50 vezes mais eficiente que o próprio IGF-1 (SKOTTNER, 1987). O GH pode também aumentar a quantidade de receptores, prolongando a meia-vida do IGF-1. >> Hipótese do duplo efeito. Segundo esta teoria, além de atuar indiretamente, o próprio GH atuaria diretamente nas células, como fator de crescimento (provavelmente devido à diferenciação das células precursoras) (GREEN, 1985).

domingo, 5 de outubro de 2008

OLYMPIA 2008

Este Olympia esteve repleto de surpresas como a derrota de Jay Cutler,o 3º lugar do estreante Phil Heath,o 4º lugar de Dennis Wolf,além do inesperado 5º lugar de Toney Freeman.
Sem sombra de dúvida Jay Cutler trouxe um físico melhor que em 2007,mas alguns erros na hora da preparação como:erro de desidratação e uma assimetria enorme nas coxas,tiraram o título dele.Alguns dizem que do Pré-julgamento até a hora do show ele perdeu 15 lbs de água.De uma maneira geral ele estava gigante,realmente um "freak",com uma notável melhora em costas e ombros,este ano ele competiu pesando 123 kg,2 kg a menos que o seu normal em
competição,mas com toda certeza desde 1999 quando ele entrou totalmente fibrado nunca mais ele secou daquele jeito,pode-se dizer que ele trocou a definição pelo tamanho.
A grande surpresa da noite foi o veterano de 39 anos Dexter Jackson,que como sempre veio super simétrico e com músculos bem arredondados.Ele veio com um físico sem falha nenhuma,fora suas panturrilhas que são ridículas,mais até hoje nunca vi panturrilha decidir campeonato,e devido a algumas falhas no físico de Jay,venceu o seu 1º Mister Olympia,e leovu para casa o "SANDOW".
O 3º lugar ficou com o estreante Phil Heath,que trouxe um shape com um ótimo volume e definição.A única falha que vejo no físico deste garoto é o peitoral encurtado, problema que lhe rende nos fóruns de musculação o apelido de "sanduíche de braços",devido ao tamanho dos mesmos.Me parece que as olhos dos juízes o físico dele é muito bom porque senão não teria tão boa colocação,fazendo frente a dois veteranos,Dexter o super simétrico e Jay "Tanque" Cutler.
A decepção da noite foi o alemão Dennis Wolf,que todos esperavam brigar pelo título,e acabou apenas em 4º colocado.
O que realmente atrapalha Wolf é a altura,1.88m,para 120 kg,se comparado a Jay Cutler que mede 1.75 e pesa 123 kg,ele fica devendo,e muito em massa,mais como ele tem ombros largos,o que tem a fazer é investir em ficar gigante,focando o treino em costas e panturrilhas que quando comparadas com o seu tronco e com a sua altura parecem dois gravetos.
Apesar dele ainda ser bem novo,só 28 anos,e lembrando que este é o seu segundo Olympia,e em seu primeiro ficou em 5º lugar,ou seja está no caminho.
O 5º lugar ficou com o veterano Toney Freeman,o mais pesado em palco pesando 130 kg.Ele veio muito bem este ano,e ao meu ver se não fosse seu peitoral rompido ele surpreenderia ainda mais,mais se não fosse essa lesão com certeza daria muita dor de cabeça.
Agora é esperar pra ver o que acontece até próximo Olympia,e ficar de olho em Jay Cutler,Dennis e Phil "The "Gift" Heath>

DANIEL SCHIZZI